A banda foi formada em agosto de 1982, após a dissolução do Aborto
Elétrico, grupo seminal da cena punk de Brasília, o qual também originou
o Capital Inicial. Para compor, Renato Russo se inspirava em bandas
como The Smiths, The Cure e Joy Division.
O começo
A primeira apresentação da Legião Urbana aconteceu em 5 de setembro
de 1982 na cidade mineira de Patos de Minas, durante o festival Rock no
Parque, que contou com outras oito atrações, entre elas a da Plebe Rude,
que abriu o palco para a Legião.
Esse foi o único concerto em que a banda apareceu com a sua primeira
formação: Renato Russo (vocalista e baixista), Marcelo Bonfá
(baterista), Paulo Paulista (tecladista) e Eduardo Paraná
(guitarrista)[1]. Após a apresentação, Paulo Paulista e Eduardo Paraná
deixaram a Legião. O próximo guitarrista seria Ico Ouro-Preto (irmão de
Dinho Ouro-Preto, vocalista do Capital Inicial), mas foi logo
substituído por Dado Villa-Lobos, que assumiu a guitarra da Legião em
março de 1983[2].
O sucesso
Em 23 de julho de 1983, a Legião faz no Circo Voador, Rio de
Janeiro, um concerto que mudaria a história da banda. Após a
apresentação, eles são convidados a gravar uma fita demo com a EMI. No
ano seguinte entra o baixista Renato Rocha e começa então a gravação do
primeiro disco.
O primeiro álbum Legião Urbana, lançado em 2 de janeiro de 1985, é
extremamente politizado, com letras que fazem críticas contundentes a
diversos aspectos da sociedade brasileira. Paralelo a isso, possui
canções de amor que foram marcantes na história da música brasileira,
como "Será", "Ainda é cedo" e "Por Enquanto", esta última que é
considerada como a melhor faixa de encerramento de um disco, segundo
Arthur Dapieve, crítico e amigo de Renato Russo.
O segundo álbum, Dois, foi lançado em 1986. O disco deveria ser
duplo e se chamar Mitologia e Intuição, mas o projeto foi recusado pela
gravadora, fazendo com que o disco saísse simples. Em seu começo é
possível ouvir um pouco da canção "Será" envolto a ruídos de rádio e do
hino da Internacional Socialista. É o segundo álbum mais vendido da
banda, com mais de 1,2 milhão de cópias, e considerado por muitos o mais
romântico. "Tempo Perdido" fez um grande sucesso e se tornou num dos
clássicos da Legião. "Eduardo e Mônica", "Índios" e "Quase Sem Querer"
também fizeram sucesso.
Que País É Este 1978/1987 pode ser considerada a primeira coletânea
feita pela banda de Brasília, embora todas as faixas tivessem sido
regravadas e produzidas para este álbum e em estúdio. Este material foi
programado para entrar no antigo projeto Mitologia e Intuição, que foi
abortado pela gravadora. Das nove canções do disco, sete eram do antigo
Aborto Elétrico. Esta é a obra mais punk da Legião Urbana e contém em
seu encarte uma breve história do grupo. Foi o último trabalho oficial
com a participação do então baixista Renato Rocha. Seu título provisório
era Mais do Mesmo.
O álbum As Quatro Estações de 1989 é considerado por muitos o melhor
trabalho deles, além de conter o maior número de hits: são onze
canções, das quais pelo menos nove foram tocadas incessantemente nas
rádios. É o álbum mais vendido da Legião, com mais de 1,7 milhão de
cópias, é também considerado o disco mais "religioso". O baixista Renato
Rocha tocou com o trio nos três primeiros álbuns e chegou a gravar o
baixo de algumas faixas desse álbum, mas acabou por deixar o grupo
devido a desentendimentos com os outros membros. As linhas de baixo
originalmente gravadas por Rocha foram regravadas por Dado e Renato, que
se revezaram nos baixos e guitarras.
Lançado em Novembro de 1991, V é o disco mais melancólico. Renato
estava em um momento complicado de sua vida, com a descoberta de que era
soropositivo um ano e meio antes, os problemas no relacionamento com o
namorado americano, Robert Scott Hickman, e o alcoolismo. O álbum é
recheado de canções atípicas para os "padrões" da banda. A atmosfera de
"Metal Contra as Nuvens", com seus mais de onze minutos de duração, é um
dos destaques, assim como a densa "A Montanha Mágica", a crítica social
de "O Teatro dos Vampiros" e a melancólica "Vento no Litoral". Para boa
parte dos fãs mais fervorosos, esta é a obra-prima da Legião Urbana.
O álbum O Descobrimento do Brasil de 1993, época em que Renato Russo
tinha iniciado o tratamento para livrar-se da dependência química e
mostrava-se otimista quanto ao seu sucesso. Ainda assim, as letras
oscilam entre tristeza e alegria, encontros e despedidas. É como se,
para seguir em frente, fosse necessário deixar muitas coisas para trás, e
não se pudesse fazer isso sem uma boa dose de nostalgia. Desta forma,
Descobrimento é um álbum com fortes notas de esperança, mas permeado por
tristeza e saudosismo. Ainda assim, é considerado por muitos o álbum
mais "alegre" e delicado da Legião Urbana. E um dos que menos tocou nas
rádios.
Fim da banda
O último concerto da Legião Urbana aconteceu em 14 de janeiro de
1995, na casa de apresentações "Reggae Night" em Santos, litoral do
estado de São Paulo. No mesmo ano, todos os discos de estúdio da banda
até 1993 foram remasterizados no lendário estúdio britânico Abbey Road
Studios, em Londres, famoso por vários discos dos Beatles; e lançados em
uma lata, intitulada "Por Enquanto 1984-1985". A lata também incluía um
pequeno livro, com um texto escrito pelo antropólogo Hermano Vianna,
irmão do músico Herbert Vianna.
Há quem considere o álbum A Tempestade (ou O Livro dos Dias),
lançado em 20 de setembro de 1996, o último da banda. Além disso, o
álbum possui densas e belíssimas músicas, alternando o rock clássico de
"Natália" e "Dezesseis", ao lirismo de "L'Avventura", "A Via Láctea",
"Leila", "1º de Julho" e "O Livro dos Dias" e ao classicismo de "Longe
do Meu Lado". As letras, em geral, abordam temas como solidão, passado,
homossexualismo, AIDS, amor, intolerância e injustiças, o que faz do
disco um dos mais belos da música brasileira.
Algumas canções do disco sugerem uma despedida antecipada, como diz o
trecho "e quando eu for embora, não, não chore por mim", da canção
"Música Ambiente". As fotos do encarte foram tiradas próximas à época do
lançamento, exceto a de Renato, que foi aproveitada da sessão de fotos
do seu álbum solo Equilíbrio Distante de 1995, já que o cantor se
recusou a fotografar para o disco. Este álbum foi lançado inicialmente
como um livrinho com capa de papelão e depois como álbum tradicional
(caixa de plástico). A foto do guitarrista Dado é diferente entre as
duas versões. Com exceção de "A Via Láctea", as demais faixas do álbum
possuem apenas a voz guia de Renato, que não quis gravar as vozes
definitivas. Também não foram incluídas as frases "Urbana Legio Omnia
Vincit" e "Ouça no Volume Máximo", presentes nos discos do grupo. Em seu
lugar, uma frase do escritor modernista brasileiro Oswald de Andrade:
"O Brasil é uma república federativa cheia de árvores e gente dizendo
adeus".
O fim oficial da banda aconteceu em 22 de outubro de 1996, onze dias
após a morte do mentor, líder e fundador da banda. Renato Russo faleceu
21 dias após o lançamento de A Tempestade, no dia 11 de Outubro de
1996.
Uma Outra Estação foi um álbum póstumo. A idéia original era de que A
Tempestade fosse um álbum duplo. Como saiu simples, as sobras de
estúdio foram compiladas nesse álbum de 1998. Canções como "Clarisse"
ficaram de fora do álbum anterior por desejo do próprio Renato, que a
considerava com uma temática muito pesada. A letra da canção "Sagrado
Coração" consta no encarte porém não possui registro da voz de Renato. O
álbum conta com participações especiais como Renato Rocha, baixista dos
primeiros discos da Legião, e Bi Ribeiro, baixista dos Paralamas do
Sucesso.
A banda então prossegue fazendo sucesso e vendendo muitos discos,
mas sem tocar mais, e se seguem muitas entrevistas e reportagens com os
ex-integrantes, Dado e Bonfá. Muitos começam a ouvir as músicas da banda
após a morte de Renato, aclamado por alguns até mesmo como herói,
embora sem nenhum feito heróico, mas perpetuado como um portador de uma
visão crítica e realista.